Amazonas possui mais de 600 casos confirmados entre indígenas em todo Estado
ELIAS, Roney. Coronavírus pode causar ‘genocídio’ de povos indígenas do Vale do Javari, no AM, diz representante de comunidade. G1.
Disponível em: Link. Acesso feito em: 04/06/2020.
Índios da etnia korubo do Vale do Javari. — Foto: Divulgação/Funai
Diante do avanço dos casos de coronavírus entre a população indígena do Amazonas, o procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliésio Marubo disse que é esperado o genocídio da comunidade, ou seja, extermínio parcial ou total desses povos.
O Amazonas registrou, até esta quinta-feira (4), 46,4 mil casos confirmados da doença em todo o estado, sendo 668 em indígenas, segundo boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM). Só no município de Atalaia do Norte, que concentra 85% das terras indígenas do Vale do Javari, já são 89 casos confirmados de coronavírus, sendo dois em indígenas, de acordo com o último boletim da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS AM).
À medida que o novo coronavírus se espalha entre os povos indígenas cresce também a preocupação de que comunidades indígenas sejam extintas pela Covid-19. O procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliésio Marubo disse que uma ação já foi feita para cobrar das autoridades competentes medidas para evitar a propagação do vírus.
“Nós já estamos trabalhando numa forma de instar as autoridades a justificarem porque esse contágio aconteceu e qual o plano de ação, como será desenvolvido. Com o ingresso do vírus na nossa comunidade vamos esperar uma grande mortandade de pessoas. O genocídio já está anunciado no Vale do Javari e a partir de agora vamos contabilizar os corpos”, contou.
Na ação, o procurador pede o afastamento de pessoas ao convívio da comunidade, como missionários e, se for preciso, que se faça uso de autoridade policial ou militar para isso.
“A nossa maior preocupação hoje é resguardar os interesses das comunidades indígenas”, concluiu.
Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), medidas foram adotadas para evitar a propagação do novo coronavírus.
Com relação à restrição de acesso às Terras Indígenas, uma portaria assinada em março estabelece medidas temporárias de prevenção à infecção e propagação do novo coronavírus. Dentre elas, está a suspensão por tempo indeterminado das autorizações para ingresso em Terras Indígenas, bem como de todas atividades que impliquem o contanto com comunidades indígenas isoladas.
Segunda maior terra indígena demarcada
A terra indígena Vale do Javari tem área de 8,5 milhões de hectares e faz fronteira com o Peru. É a segunda maior terra indígena demarcada do Brasil, atrás apenas da Yanomami, de 9,6 milhões de hectares de extensão.
Servidores da Funai consideram a base de Ituí, atacada em novembro, como fundamental para a proteção da terra indígena. Dos 28 registros confirmados de índios isolados no país, 10 estão no Vale do Javari.
Na região, vivem mais de cinco mil índios de sete etnias: marubo, mayoruna, matís, kanamari, kulina, korubo e tsohom-djapá, além de dezenas de grupos de índios isolados.
*Com informações de Roney Elias, da Rede Amazônica