POVO Mayuruna

Nós, povo Matsés, também conhecidos como Mayuruna, vivemos na bacia do rio Javari, na fronteira entre o Brasil e o Peru. Quando os não-indígenas chegaram em nosso território, eles não sabiam nos diferenciar dos outros povos.

Para eles, todos aqueles que possuíam cabelos compridos, tatuagens faciais, perfurações nasais e que resistiam às suas invasões eram chamados de Mayuruna. Com o tempo, os não-indígenas perceberam que havia diferenças entre os povos do Vale do Javari e que nós, Matsés, somos distintos dos outros.

Localização:

Rio Galvez, rio Choba, que fazem fronteira com Peru e os rios Jaquirana, rio Curuçá e rio Pardo e médio Javari

População:2.132 pessoas (SIASI/SESAI, 2022). .

Idioma: Matsés, ramo setentrional da família linguística Pano

Lideranças

Waki Mayuruna, Antônio Flores, Raul Mayuruna, José Patxa (falecido em 2022).

16 aldeias

- Rio Jaquirana: Cruzeirinho, Soles, Maniwa, São Meireles, Aldeia 31, Lobo, Canaã.

- Rio Curuçá: Flores, Fruta-Pão, Macubo, Lar Feliz, Bukua, Menampi, Terrinha, Nova Esperança.

- Rio Médio Javari: Lago Grande

O termo Matsés nos define como pessoas, em oposição aos outros (chamados de mayu ou matsés utsi), incluindo os não-indígenas, que chamamos de chotac. O nome “mayoruna” significa “gente do rio Mayo” e foi utilizado no século XVII por colonizadores e missionários para designar os povos que viviam na região do baixo rio Ucayali, alto rio Solimões e rio Javari.

Nós, Matsés, vivemos em ambos os lados da fronteira entre o Brasil e Peru. A maioria de nós está distribuída em cerca de 16 aldeias na Terra Indígena Vale do Javari, e somos uma das maiores populações da região. Durante o século XX, nosso povo cresceu consideravelmente, e hoje somos o maior povo da família linguística Pano habitando a região de fronteira.

Durante décadas, lutamos para garantir nossa sobrevivência diante das constantes ameaças dos não-indígenas. Resistimos com nossas práticas tradicionais, como o uso do rapé e do veneno de sapo, e mantendo nossas grandes roças e malocas. Além disso, realizamos encontros binacionais em que nos reunimos com nossos parentes do Peru, para juntos discutirmos a proteção do nosso território e reafirmarmos nossa união.

Hoje, ocupamos as regiões dos rios Gálvez e Choba, na fronteira com o Peru, além dos rios Jaquirana, Curuçá, Pardo e médio Javari. Estes rios são parte de nossa história e de nossa identidade, e seguimos cuidando deles como cuidamos da nossa gente e da nossa cultura.

Nós, Matsés, seguimos lutando pela proteção da nossa terra e da nossa cultura. Nossa resistência não é apenas uma memória do passado, mas uma realidade que vivemos a cada dia, para garantir um futuro digno às próximas gerações.

Grafismos

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