Categoria: Prêmio Equatorial PNUD

UNIVAJA marca presença histórica na COP30 e reforça defesa dos povos do Vale do Javari

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) teve uma participação marcante na 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém do Pará — a primeira COP sediada na Amazônia. Com uma comitiva de 16 representantes, a organização levou as vozes e as demandas dos povos do Vale do Javari a diversos espaços do evento, lutando para inserir temas essenciais na agenda climática global. Com mais de 900 representantes indígenas credenciados, esta foi a COP com maior presença de povos originários na história. A forte participação da sociedade civil e de lideranças indígenas de todas as regiões do mundo marcou o tom político da conferência, reforçando a urgência de ações efetivas diante da crise climática.      Articulação política e defesa dos territórios A equipe da UNIVAJA participou de debates, mesas, painéis e atividades nas áreas Azul, Verde e em eventos paralelos promovidos por toda a cidade. A organização reforçou alianças estratégicas, estabeleceu novos contatos e levou para os espaços formais e informais da COP a pauta urgente da proteção do Vale do Javari — uma das áreas mais preservadas da Amazônia — e a defesa dos Povos Indígenas em Isolamento e de Recente Contato. “Foi muito importante a participação da UNIVAJA na COP30 junto com nossas equipes técnicas. Apresentamos o trabalho da Equipe de Vigilância (EVU), conversamos com parceiros fundamentais como Rainforest e Niatero, buscamos novos financiamentos e reivindicamos que os recursos cheguem de forma direta às nossas comunidades”, destacou Bushe Matis, coordenador da UNIVAJA. As reuniões incluíram diálogos com representantes da Alemanha, da Caixa Econômica Federal e de outros financiadores internacionais. A UNIVAJA também apresentou uma proposta de inovação para facilitar processos bancários nas aldeias. A Caixa anunciou o projeto piloto inédito no mundo, que está desenvolvendo, – a partir da demanda dos povos do Javari – com ferramentas específicas para atender povos indígenas em sua própria língua, reduzindo entraves burocráticos que historicamente dificultam o acesso a serviços básicos.   Lideranças do Vale do Javari destacam importância da vigilância territorial A UNIVAJA apresentou em dois importantes espaços — o Museu Emílio Goeldi e a Aldeia COP — o trabalho da Equipe de Vigilância da UNIVAJA (EVU), reconhecido internacionalmente com o Prêmio Equatorial do PNUD em 2024, um modelo de vigilância territorial liderado pelos próprios indígenas foi exaltado como exemplo eficaz de proteção florestal e de defesa dos direitos dos povos isolados. A palestra foi realizada em parceria com as organizações ORPIO e PIACI do Peru. O tema dos povos em isolamento também foi levado por Bushe Matis e Beto Marubo às reuniões do Caucus Indígena Global, que resultaram na entrega de um documento oficial à ONU. O primeiro ponto do documento cobra: “Reconhecimento e proteção de todos os territórios indígenas, essencialmente aqueles com presença de Povos Indígenas em Isolamento e de Recente Contato (PIIRC), como política e ação climática.” A UNIVAJA também realizou conversas importantes com povos do Peru e da Colômbia para ampliar a parceria na proteção e criação de legislações que garantam a efetividade na defesa dos corredores transfronteiriços. Foram feitas participações em painéis no Pavilhão da Rainforest Foundantion e da Colômbia, zona azul, e um encontro especial com a Comissão Transfronteiriça, junto a Francisco Piyãko e Wewito Piyãko lideranças do povo Ashaninka. O tema do acesso à justiça, direitos e a defesa dos guardiões da floresta também foram destaque com participações de Beto Marubo em painéis da Defensoria Pública da União (DPU) e da organização Fogo Cruzado do Rio de Janeiro, na zona verde.  A comitiva também esteve presente no evento Mulheres pela Terra – Women for Earth and Climate – Honrando a Sabedoria das Mulheres Indígenas da Nia Tero na Casa Maraká.               A equipe participou da Marcha pelo Clima que aconteceu em 15 de novembro, reunindo milhares de pessoas para reivindicar ações climáticas urgentes e justiça socioambiental durante a COP30. Organizada pela Cúpula dos Povos, a manifestação percorreu cerca de 4,5 km do Mercado de São Brás até a Aldeia Amazônica, com participação de ativistas, movimentos sociais e indígenas de diversas partes do mundo. Apesar de avanços pontuais, o texto final do Mutirão Global pelo Clima foi criticado por não reconhecer explicitamente a centralidade dos direitos territoriais e o papel fundamental dos povos indígenas na mitigação e adaptação às mudanças climáticas.   Demandas internacionais: recursos diretos e respeito aos territórios Em reunião com a presidência da COP e da UNFCCC, a UNIVAJA junto a lideranças indígenas da África, Ásia, Rússia, Canadá e América Latina reforçaram mensagens comuns: é preciso garantir acesso direto aos financiamentos climáticos, pois, hoje, menos de 1% desses recursos chega diretamente aos povos indígenas — um exemplo claro de exclusão estrutural; nenhuma atividade extrativa, incluindo mecanismos de mercado de carbono, deve violar territórios indígenas  e o reconhecimento das mulheres indígenas no papel central da recuperação de rios, sementes e ecossistemas. Foi incluída a proposta da criação de um Observatório Indígena para a América Latina e Caribe, capaz de orientar políticas climáticas e de investimentos, e de um Fundo de Perdas e Danos deve estabelecer uma política independente e adequada às realidades indígenas, garantindo acesso direto, desburocratizado e respeitoso.       As lideranças enfatizaram que essas reivindicações não representam privilégios, mas: “O mínimo necessário para corrigir questões estruturais históricas e garantir a sobrevivência dos povos e dos territórios vivos.” A presença do Javari ecoa no mundo A participação da UNIVAJA na COP30 foi simbólica e histórica. Pela primeira vez, uma comitiva do Vale do Javari ocupou formalmente os espaços de decisão global, levando ao mundo a realidade de uma das terras indígenas mais ameaçadas do planeta. “Estamos aqui dizendo que queremos nosso espaço. As vozes do Javari estão ecoando. Pedimos que os países assumam sua responsabilidade — que não invistam em garimpo, caça ilegal ou tráfico. Defendemos nossas terras, muitas vezes arriscando a vida, e exigimos reciprocidade e respeito”, diz Bushe Matis.     A COP30 marcou também a afirmação de que as melhores soluções climáticas

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PNUD publica estudo de caso sobre a Equipe de Vigilância do Vale do Javari (EVU), vencedora do Prêmio Equatorial 2024

PT/EN Em 2024, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) recebeu um importante reconhecimento internacional pelo trabalho desenvolvido pela Equipe de Vigilância do Vale do Javari (EVU). A iniciativa foi uma das vencedoras do Prêmio Equatorial 2024, concedido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), sob o tema “Natureza para Ação Climática”. A UNIVAJA foi uma das onze iniciativas premiadas entre mais de 600 indicações de 102 países, ao lado de organizações comunitárias e indígenas de Bangladesh, Colômbia, Irã, Quênia, Marrocos, Senegal e Zâmbia. O prêmio Equatorial reconhece soluções inovadoras e baseadas na natureza que contribuem para mitigar as mudanças climáticas, proteger a biodiversidade e fortalecer a resiliência das comunidades locais. O reconhecimento ao trabalho da EVU reflete a importância do modelo de vigilância indígena autônoma implementado no Vale do Javari, que alia saberes tradicionais, gestão territorial e monitoramento ambiental. A atuação da equipe tem sido essencial na proteção do território indígena, na defesa dos povos isolados e na preservação dos ecossistemas amazônicos. O Prêmio Equatorial é uma iniciativa do PNUD com apoio da Agência Norueguesa para o Desenvolvimento e Cooperação (NORAD) e do Ministério Federal Alemão para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ). A edição de 2024 teve como foco o tema “Natureza para Ação Climática”, destacando soluções em três eixos principais: natureza para mitigação climática, natureza para adaptação climática e resiliência e natureza para uma transição justa. Os vencedores foram homenageados em 3 de outubro de 2024, durante o Nature for Life Hub, evento internacional promovido pelo PNUD antes das conferências COP16 da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e COP29 da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). Como parte do reconhecimento, o PNUD publicou um estudo de caso sobre a experiência da Equipe de Vigilância do Vale do Javari, destacando suas boas práticas e impactos positivos. O estudo integra uma série de publicações do Programa das Nações Unidas que buscam documentar e disseminar soluções baseadas na natureza, inspirando políticas públicas e ações voltadas ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O caso da UNIVAJA reforça o papel fundamental das organizações indígenas na proteção do clima e da biodiversidade, demonstrando que a autonomia, o conhecimento tradicional e a governança territorial são pilares indispensáveis para um futuro sustentável e justo. Leia o estudo completo aqui: UNIVAJA Case Study Pt r2 UNDP publishes case study on the Javari Valley Surveillance Team (EVU), winner of the 2024 Equator Prize In 2024, the Union of Indigenous Peoples of the Javari Valley (UNIVAJA) received significant international recognition for the work carried out by its Javari Valley Surveillance Team (EVU). The initiative was one of the winners of the 2024 Equator Prize, awarded by the United Nations Development Programme (UNDP), under the theme “Nature for Climate Action.” UNIVAJA was one of eleven initiatives awarded among more than 600 nominations from 102 countries, alongside community and indigenous organizations from Bangladesh, Colombia, Iran, Kenya, Morocco, Senegal, and Zambia. The Equator Prize recognizes innovative, nature-based solutions that contribute to mitigating climate change, protecting biodiversity, and strengthening the resilience of local communities. The recognition of EVU’s work reflects the importance of the autonomous indigenous surveillance model implemented in the Javari Valley, which combines traditional knowledge, land management, and environmental monitoring. The team’s work has been essential in protecting indigenous territory, defending isolated peoples, and preserving Amazonian ecosystems. The Equator Prize is an initiative of UNDP with support from the Norwegian Agency for Development and Cooperation (NORAD) and the German Federal Ministry for Economic Cooperation and Development (BMZ). The 2024 edition focused on the theme “Nature for Climate Action,” highlighting solutions across three main axes: nature for climate mitigation, nature for climate adaptation and resilience, and nature for a just transition. The winners were honored on October 3, 2024, during the Nature for Life Hub, an international event hosted by UNDP ahead of the COP16 conference of the Convention on Biological Diversity (CBD) and COP29 of the United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC). As part of the recognition, UNDP published a case study on the Javari Valley Surveillance Team’s experience, highlighting its best practices and positive impacts. The study is part of a series of United Nations Program publications that aim to document and disseminate nature-based solutions, inspiring public policies and actions aimed at achieving the Sustainable Development Goals (SDGs). The UNIVAJA case reinforces the fundamental role of indigenous organizations in protecting the climate and biodiversity, demonstrating that autonomy, traditional knowledge, and territorial governance are indispensable pillars for a sustainable and just future. Read the full study here: UNIVAJA-Case-Study-En-r3-compressed  

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