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Nota à Imprensa – Invasão missionária no Vale do Javari


União dos Povos Indígenas do Vale do Javari
“Unidos pela defesa e autonomia dos povos Indígenas do Vale do Javari”

 

Nota à Imprensa 

 

A Coordenação da Organização Indígena UNIVAJA, em nome dos povos Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina (Pano), Korubo e Tsohom-Djapá vem a público informar aos nossos parceiros, à imprensa e demais interessados pela causa indígena que o missionário Andrew Tonkin, Pastor da organização missionária evangélica norte americana “Frontier International” vem promovendo reuniões com alguns indígenas em Atalaia do Norte, sobretudo, os catequizados, com a finalidade de organizar uma entrada ilegal na Terra Indígena Vale do Javari. 

Pelas Informações dos próprios indígenas participantes dessas reuniões já existe uma logística toda elaborada para acessar os Isolados do “lambança”, um igarapé localizado no interior do Vale do Javari.

Essa já é a terceira vez que esse senhor tem tentado e, conseguido parcialmente, adentrar na Terra Indígena Vale do Javari, conforme denúncias apresentadas pela UNIVAJA em diversas ocasiões e infelizmente sem que houvesse qualquer atitude enérgica por parte das autoridades competentes. A nossa preocupação é que, em pleno contexto de pandemia do coronavírus, além dos protocolos administrativos de prevenção divulgados pela FUNAI e pela SESAI, ainda há a insistência de grupos proselitistas fundamentalistas atuando com esse fim, uma atitude irresponsável e criminosa.

O missionário tem cooptado indígenas para realizar as expedições ao interior da Terra Indígena, desafiando todos os protocolos de prevenção, além das próprias diretrizes que orientam essa questão, em detrimento a integridade física e territorial dos indígenas em isolamento voluntário. 

Nesse contexto, a conivência estatal gera inércia, na medida em que os grupos extremistas de evangélicos ocupam cargos importantes no governo e alinham-se ideologicamente à pessoas como esse pastor infrator. Não obstante, o atual chefe da Coordenação de índios Isolados da FUNAI, órgão responsável pela implementação da Política Pública de índios isolados e recém contatados também é um pastor e missionário. 

Diante o exposto, reiteramos que a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a FUNAI tomem medidas enérgicas que se fazem necessárias para que iniciativas nefastas e repugnantes como essas possam ser contidas em nossa região. 

Atalaia do Norte, 23 de março de 2020

 

A Coordenação do UNIVAJA

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Carta ao Ministro Sérgio Moro sobre a nomeação de Ricardo Dias para coordenação de índios isolados da Funai


União dos Povos Indígenas do Vale do Javari
“Unidos pela defesa e autonomia dos povos Indígenas do Vale do Javari”

 

CARTA No 016/CEX-UNIVAJA/2020

Aldeia Nova Esperança, 14 de Março de 2020

Ao
Exmo. Senhor
Sérgio Moro
Ministro da Justiça e Segurança Pública
Brasília – DF

 

Assunto: Preocupação dos povos indígenas do Vale do Javari sobre a nomeação do Sr. Ricardo Lopes Dias para Coordenação de índios Isolados da FUNAI. 

 

Senhor Ministro,

 Nós Povos Indígenas Matses (Mayoruna), Tüküna (Kanamari), Matis, Kulina (Pano), Korubo e Marubo do Vale do Javari reunidos na nossa VI Assembleia Geral dos Povos Indígenas do Vale do Javari, realizada nos dias 11 à 14 de março, na Aldeia Nova Esperança, viemos repudiar a nomeação do Sr. Ricardo Lopes Dias para chefiar a Coordenação de Geral de Índios Isolados e de Recente Contato – CGIIRC/FUNAI.

Como sabemos, a política de Proteção aos índios Isolados e de recente contato é uma política pública que vem sendo implementada desde 1987, depois de inúmeros erros históricos que ocasionaram o genocídios de centenas de vidas indígenas em nosso país. E, enquanto política de Estado, deveria seguir todo o arcabouço legal existente sem a interferência política de momento. Acreditamos que essa atuação estatal, deveria ser resguardada de forma irrestrita, sem exceções e, sobretudo, com a impessoalidade e imparcialidade como dever ser.

 É preocupante quando se sabe que o Presidente da FUNAI, descumprindo todos os princípios democráticos e de direitos, procedeu por um mecanismo administrativo readequando a função de Coordenador de índios Isolados, que era uma função restrita aos servidores da FUNAI, técnicos que detivessem experiência comprovada. No entanto, esse arranjo só serviu para abrir a nomeação para pessoas sem esses critérios, como o atual nomeado para essa função. Com isso, pede-se a impessoalidade e imparcialidade de uma política de Estado, sobretudo na atuação a povos que dependem da proteção etnoambiental, responsabilidade do estado Brasileiro.

 No vale do Javari a atuação de missionários, independente do credo a que pertençam, foi nefasta tanto quanto as doenças. Além disso, todas as informações confidenciais sobre a localização dos índios isolados poderão ser expostas para grupos fundamentalistas ou até mesmo para outros interessados que têm esse desejo. O próprio fato de mudarem a forma de nomear o Coordenador da CGIIRC demonstra os Interesses e conveniências que poderão resultar nos mesmos erros históricos cometidos pelo Estado Brasileiro.

Não reconhecemos o Sr. Ricardo Dias como um indigenista e sim um missionário que faz parte um projeto contínuo de extermínio dos povos indígenas no Brasil, agora com o foco nos isolados.

 Nestes termos exigimos que reveja a nomeação do Coordenador da CGIIRC, o qual além de não ter as qualificações para exercer essa função, representa um grave retrocesso na atuação do estado Brasileiro para com os índios isolados e de recente contato no país.

 

Atenciosamente;

 Lideranças Indígenas do Vale do Javari 

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